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De Ayutthaya a Chiang Mai, rumo ao Norte da Tailândia

O roteiro de mochilão na Ásia da Sani teve duração de três meses, passando pelos principais destinos de mochileiros no Sudeste Asiático – Tailândia, Camboja e Vietnã.

Viajar na Ásia é barato, sendo fácil economizar com comida e o roteiro é econômico à medida que passeios e hotéis também são baratos.

Para ir de Ayutthaya a Chiang Mai, no extremo norte da Tailândia, a opção de viagem mais barata era o trem noturno, e nessa mania de mochileiro de querer economizar ao máximo, optei por um assento na terceira classe, ao invés do leito. Erro grande.

11 horas de viagem sentada em um banco normal, sem coberta, com o ar condicionado congelando meus ossos, um barulho tremendo, minhas pernas implorando por uma esticadinha, minha coluna reclamando da posição, e eu sem conseguir pregar os olhos. O trem do inferno. Quem mandou querer economizar durante o mochilão pelo sudeste asiático?

Minha dica? É possível viajar pela Ásia pagando muito pouco, mas seja inteligente na hora de economizar! Nem sempre vale a pena! Às vezes a diferença são apenas 10 dólares! Assim, chegamos em Chiang Mai as 7:30am, e na própria estação de trem peguei um tuk-tuk para meu albergue, sem problema algum.

turismo viagem tailandiaHostel bom, barato e bem localizado

Havia lido bastante sobre este albergue Eagle House e trocado vários e-mails com os donos, uma irlandesa e um tailandês, e não me decepcionei, apesar dos quartos serem extremamente simples e decorados no maior estilo século passado.

Um hostel limpo, barato, e bem localizado. Tudo o que eu precisava.

O que fazer em Chiang Mai

Saí para explorar a cidade e rapidamente me apaixonei pelas montanhas de Chiang Mai, ao norte da Tailândia, sudeste asiático.

Sem dúvida, uma cidade relativamente grande mas sem aquela sensação de cidade grande e caótica. Cercada de montanhas, de clima bem mais ameno e fresco. Clima tão mais fresco que na minha primeira noite precisei de um cobertor!

Desse modo, Chiang Mai é repleta de paisagens bonitas, muito verde, pessoas sorridentes (como de costume na Tailândia) e muito mais carismáticas, com bem menos aporrinhação para cima dos turistas do que Bangkok e Ayutthaya. Moraria fácil aqui.

O Templo de Angkor Wat, em Siem Reap

Templo Budista de Doi Suthep

No segundo dia de mochilão na Ásia segui rumo ao Wat Phradhat Doi Suthep, o maior templo budista da região, para uma semana de meditação junto aos monges budistas.

Como não precisava estar no templo antes das 13:30, tive uma manhã relaxante, fazendo tudo bem devagar. Se pegasse o táxi em frente ao albergue, o preço seria 400 Baths. Se caminhasse 15 minutos, conseguiria dividir o custo da corrida com outros viajantes indo na mesma direção, economizando na viagem.

Meditação e retiro no templo

Então, lá fui eu, mochila nas costas, bolsa pendurada, sol de rachar tostando a cabeleira. Mas logo já havia uma van saindo, e rapidinho chegamos a Doi Suthep, localizado em uma região montanhosa e a 15Km do centro de Chiang Mai.

meditacao chiang mai tailandia

Mochileira que consegue viajar zen, “zen dinheiro” pelo sudeste da Ásia…

Ayutthaya TailândiaNa chegada ao templo, depois de subir os mais de 300 degraus com a mochila pesada nas costas (visitantes mais idosos ou com problemas de locomoção podem optar por subir com o carro a cabo, pagando 50 Baths), assinar os papéis da minha hospedagem barata na recepção e pegar os panfletos com as informações sobre o retiro.

Feito isso, um dos monges me encaminhou até o quarto onde ficaria hospedada. Um quartinho simples e pequeno, com uma pequena varanda, contendo apenas um colchonete fininho, uma almofada e um cobertor. Sem lençol. Mas com uma vista estonteante.

Em seguida, tive cerca de uma hora para ler todas as explicações e quando voltei para o salão principal, um outro monge começou a falar dando as explicações necessárias.

Éramos duas, eu e uma Canadense, e por algumas horas fomos instruídas em três técnicas de meditação, sentada, caminhando e deitada, e após deixadas por nossa conta para praticar pelo resto da tarde, até nossa cerimonia de iniciação no começo da noite.

As regras do templo durante o retiro não são muitas, mas são severas. Não beber, nem fumar, fazer fofoca ou matar — mesmo que sejam insetos ou pernilongo! Além destas regras, são feitas duas refeições vegetarianas por dia. Conversas entre residentes são proibidas; é preciso praticar a lei do silêncio absoluto, evitando assim distrações.

Dhama Talk

O dia começa às 5:00am com a primeira meditação, café da manhã as 7:00 AM, seguido de “Dhama Talk” (uma espécie de conversa com o monge), mais meditação, almoço às 11:00 AM e nada de comida ou alimentos sólidos após ao meio dia, apenas água e chá. A tarde segue com ensinamentos, meditação, e cânticos.

Ayutthaya Norte da Tailândia

Meditação Vipassana na Tailândia

O foco da meditação vipassana, praticada em Doi Suthep, é acalmar a mente, simplesmente parar de pensar. Segundo nosso mestre, a mente tem mania de viajar para longe, mas devemos sempre tentar traze-la para o que estamos fazendo. Viver o presente, o agora, o já. Não o presente daqui a 5 minutos.

O passado não volta, não importa o quanto você deseje, e o futuro ainda não chegou.

Pensamentos constantes no passado e futuro apenas atrapalham nossa concentração no dia a dia. Uma prática extremamente difícil esta de limpar a mente totalmente de todo e qualquer pensamento.

Assim, depois de uma semana nesta rotina, chegou a hora de partir. Porém, a pessoa que deixou o templo para trás foi uma pessoa bem mais calma, mais experiente, mais centrada. Levo comigo ensinamentos preciosos.

Nada, ninguém e nenhuma situação é eterna, nada é constante, nem a alegria e nem a tristeza, incluindo as pessoas ao nosso redor. Deixar brigas de lado e cuidar do que temos agora, porque tudo na vida pode mudar em um piscar de olhos. Não importa onde estejamos, somos nosso próprio centro, e devemos estar bem dentro de nós mesmos.

As pessoas que viajam à Tailândia, especialmente os ocidentais, percebem realmente um país diferente, mas é porque nos permitimos olhar as coisas com outros olhos, e tudo está na maneira como enxergamos as coisas.

O que fazer em Ayutthaya – Tailândia

templo Ayutthaya Tailândia

Ayutthaya, Tailândia – roteiro de mochilão pelo sudeste asiático.

Próxima parada da minha viagem barata pela Ásia: Ayutthaya, seguindo rumo ao norte da Tailândia. E ansiosa, mais uma vez acordei antes do despertador. Muito difícil dormir nestes albergues em Bangkok, muitos mochileiros indo e vindo em horários inimagináveis.

Não eram nem 5h quando comecei a ouvir gente conversando; ainda tentei virar para o lado e dormir mais um pouco. A ansiedade (e o medo) eram tamanhos em pegar o trem e seguir viagem rumo ao norte da Tailândia, que não consegui ficar na cama por muito tempo. 5h50 e eu já estava de mochila nas costas, procurando por um táxi para me levar à estação de trem de Bangkok, Hua Lamphong

Saindo de Bangkok: viagem de trem à Ayutthaya

Arrisquei o primeiro taxista que estava, convenientemente, estacionado na porta do hostel, que jogou o valor da corrida lá em cima, 250 Bahts, e perdeu feio. O segundo, sem vergonha na cara, e sem piscar, já mandou 200 Bahts, e também ficou falando sozinho.

No dia anterior havia conversado com um casal que disse terem pago 80 Bahts uma semana antes, e que deveria sempre dar preferência a táxis com taxímetro, e caso não fosse possível, que eu deveria barganhar ao máximo o valor da corrida, e jamais aceitar a primeira proposta.

Caminhei uns três minutos em direção a avenida e um táxi parou sem que eu pedisse. O taxista tailandês não falava uma palavra de inglês, mas apontou para o taxímetro e chegamos lá em menos de 15 minutos. Total da corrida: 51 Bahts! Já diz o ditado, quem tem boca vai a Roma, ou no mínimo faz uma viagem barata para a Tailândia pagando pouco!

First They Killed My Father

Comprei a passagem para Ayutthaya sem problemas e meia hora depois estava na estrada. Eu e meu livro “First They Killed My Father”, que relata a historia de uma menina do Camboja que vivenciou o duro regime Khmer Vermelho (ou Khmer Rouge, em inglês) dominado por Pol Pot, e que aliás, super recomendo como opção de leitura.

A forma mais fácil e barata de chegar a Ayutthaya saindo de Bangkok é ir de trem. Aliás, a viagem leva cerca de duas horas, e optei por ir de terceira classe, devido a grande diferença no preço. Passagem na segunda classe, com A/C saia por 240 Bahts, enquanto que na terceira classe paguei somente 15 Bahts!

Sem contar que viajar como as pessoas locais tem suas vantagens, e é uma forma muito interessante de realmente estar em contato com a cultura local tailandesa. Ao menos para mim. O senhor sentado no banco atrás do meu aproveitou a viagem para tranquilamente fazer sua barba, com direito a gilete e creme de barbear!

O trem era antigo, e ia a uma velocidade quase parando, mas como eu gosto de observar a paisagem ao redor, absorver a cultura, para mim foi algo sensacional.

Homestay em Kampong Cham, na área rural do Camboja

Mochilão pelo sudeste asiático

“Partir! Nunca voltarei, nunca voltarei porque nunca se volta. O lugar a que se volta é sempre outro, a gare a que se volta é outra. Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia. Partir! Meu Deus, partir! Tenho medo de partir!…” – Álvaro de Campos

Da estação de trem de Ayutthaya para o hotel foi uma rápida e fácil caminhada. Foi preciso cruzar o rio com uma balsa, que sai com grande frequência e custa 4 Bahts, mas para dizer a verdade, eu não sabia sequer para onde estava indo, simplesmente segui o fluxo.

Levei comigo, no mochilão, um guia turístico sobre o Sudeste Asiático (Southeast Asia on a Shoestring, Rough Guide), mas não o usei como bíblia, apenas como ponto de referência. Deixou a viagem mais a minha cara. Neste mochilão pelo sudeste asiático resolvi deixar a vida me levar, sem me prender muito a planos ou horários.

Camboja, cruzando a fronteira com a Tailândia

Hotel em Ayutthaya – Tailândia

O hotel onde fiquei chama-se Bann Kun Pra, super gostoso e aconchegante, todo de madeira escura, beirando o rio. Porém, só Deus sabe o quanto sofri com as mosquitos me picando a noite inteira, e me arrependi de não ter comprado um repelente antes! Para mais uma vez provar que o romance perfeito existe apenas nos livros e nos contos de fadas!

Paguei por uma cama em dormitório, mas não havia ninguém para dividir o quarto comigo (o que eu agradeci imensamente!), e acabei tendo o quarto todo só para mim. Mas o hotel também oferece acomodação privativa, para quem prefere e não se importa de pagar um pouco a mais por isso.

Antes de começar uma nova odisseia de templos, agora em Ayutthaya, decidi comer algo no hotel mesmo, e muito me admira não ter engordado nesta viagem, tamanha quantidade de delicias que provei!

4 Princípios para uma vida melhor

Entre tantos outros ensinamentos que aprendi durante a viagem em Ayutthaya, durante o mochilão pelo sudeste asiático, divido aqui com vocês o que os monges acreditam ser os quatro princípios para uma vida melhor:

  1. Aquilo que você fez de ruim, nunca mais faça;
  2. Aquilo que você ainda não fez de ruim, tenha a certeza de nunca realmente fazer;
  3. As coisas que você já fez ou faz de bom, continue fazendo, ou tente fazer redobrado;
  4. As coisas boas que você ainda não fez, comece a fazê-las agora.

Siem Reap – Camboja

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