Jujuy e Salta – Roteiro de viagem de nove dias na Argentina

Viajar para Argentina para além dos destinos mais conhecidos, é uma experiência para o turista brasileiro. O noroeste Argentino, com a região entre Salta e Jujuy é repleto de belezas naturais.

Primeiramente, essa parte da Argentina possui paisagens únicas que exaltam os sentidos. Assim, as colinas coloridas, o caminho Inca, os salares, sua gastronomia requintada e diferenciada, a maravilhosa Quebrada de Humahuaca, os imponentes Valles Calchaquíes. Além disso, produtos turísticos únicos como a rota do vinho mais alta do mundo e o Tren a las Nubes.

Gostou? Entretanto, essas são apenas algumas das atrações geográficas que podemos encontrar em uma viagem para a Argentina.

Roteiro de 9 dias entre Salta e Jujuy

Assim, elencamos um roteiro de nove dias para você que não quer perder nenhuma dessas atrações turísticas no noroeste argentino, que só as cidades de Jujuy e Salta podem te oferecer.

DIA 1 – Cidade de Salta

A Ciudad de Salta, que leva o mesmo nome da província, está localizado a 1.259 metros acima do nível do mar e encanta a todos à primeira vista, pois, além de ser brindada pela natureza com sol o ano inteiro e paisagens naturais incríveis, ainda deslumbra os visitantes com sua beleza arquitetônica colonial.

Para começar o dia, nada melhor que um tour pela cidade para contemplar todas as suas belezas, iniciando pela Plaza 9 de Julio. Em seguida, parada obrigatória na linda Catedral Basílica de Salta, datada do século 19 e ao Museo de Arqueología de Alta Montaña (MAAM). Nesse útlimo, um riquíssimo acervo sobre a cultura Inca, além da exibição de três múmias de crianças Incas, consideradas as mais bem conservadas do mundo.

É também uma visita imperdível o Museo Güemes. O edifício do Museo, além de ser um dos poucos expoentes da arquitetura colonial no país. O Museo conta com tecnologia de ponta para fazer com que os visitantes imerjam na história do General, prendendo a atenção de adultos e crianças, por meio de estímulos sonoros e visuais, propondo uma experiência sensorial inesquecível.

Teleférico San Bernardo, nos arredores de Salta, leva ao topo da colina de mesmo nome e oferece uma linda vista da cidade argentina. Fora isso, há ainda uma belíssima cachoeira artificial, que corre por toda a extensão do morro, formando terraços artificiais equilibrando a beleza da paisagem e a exuberância da vegetação desta região pitoresca da América do Sul.

DIA 2 – Cidade de Cachí

A viagem de Salta a Cachí, por meio da Rota Nacional Nº 68 e que na localidade El Carril se conecta com a Rota Provincial Nº 33, é um passeio por si só, pois no caminho temos diversas belezas naturais, dignas uma paradinha para foto.

Aliás, são os pontos turísticos Cuesta del Obispo; a Piedra del Molino, um dos pontos mais alto das montanhas (3.340m de altitude), que permite uma vista panorâmica da região e da Quebrada de Escoipe. Além disso, há o Parque Nacional Los Cardones, composto por um “mar” de cactos da espécie cardón e flores Amancay. E, por fim, a Recta del Tin-Tin, na qual se vê uma parte da trilha Inca que ficava na Argentina.

Chegando em Cachí, se pode visitar a Plaza 9 de Julio, onde temos a Iglesia de San José, uma rústica e pitoresca igrejinha. Além disso, o Museo de Arqueología Pio Pablo Díaz. O Museo recebe o nome de um habitante local que era um excelente observador e aficionado colecionador de peças que encontrava pelo Valles Calchaquíes.

Saindo de Cachí, através da conhecida Rota Nacional Nº 40, passa-se pelo Valles Calchaquíes, no qual há o chamado Camino de los Artesanos. É lá, onde há uma gama de lojas artesanais locais, casas de chá, galerias de arte com um entorno mágico, rodeado de montanhas e natureza.

Quebrada de las Flechas

Não se pode também deixar de conhecer os povoados de Seclantás, Molinos e Angastaco, este último fica na Quebrada de las Flechas. Este desfiladeiro é um magnífico monumento natural, cuja origem remonta há 15 ou 20 milhões de anos e que foi formado por um lago que atualmente já não existe mais.

Termina esta excursão na Argentina chegando à cidade de Cafayate, onde pode-se hospedar em um de seus diversos hotéis.

DIA 3 – Cidade de Cafayate

Cafayate é uma pequena cidade a 160 km de Cachí, que surpreende pela beleza do desfiladeiro que leva seu nome e pela qualidade do seu vinho branco Torróntes. É uma uva originária da Espanha e atualmente a Argentina é sua principal produtora.

Em Cafayate, não se pode deixar de visitar o Museo de la Vid y el Vino, que expõe de maneira dinâmica e interativa sobre a origem e características das vinhas e dos vinhos da região. Na praça principal da cidade, localiza-se a centenária Catedral Nuestra Señora del Rosario de Cafayate, que também vale uma visita.

Nos arredores, temos o Mercado Municipal de Artesanías de Cafayate, ótimo para comprar lembrancinhas de viagem. Aliás, Cafayate é a segunda principal região viticultora da Argentina e sua Ruta del Vino é a mais alta do mundo. Recomenda-se visitar duas vinícolas e almoçar em uma delas, degustando seus deliciosos vinhos.

No final da tarde, um passeio inesquecível é com certeza uma cavalgada na região de Los Médanos. A 8 km do centro de Cafayate, é uma região que surpreende, pois entre vales, vinhas, montanhas, casas, campos de golfe e pólo, surgem também dunas de areia branquinha, como se estivéssemos perto da praia. A explicação é que a milênios atrás, a região já foi um oceano.

DIA 4 – Quebrada de las Conchas

Voltando à cidade de Salta, através da Rota Nacional Nº 68, considerada uma das mais belas estradas do mundo, temos a magnífica reserva natural Quebrada de las Conchas. Sem dúvida, uma das paisagens mais bonitas do mundo, com um grande vale em tons avermelhados e alaranjados que se misturam entre as curvas formadas pelo choque de placas tectônicas.

Nessa região, temos muitas formas esculpidas pela natureza na rocha, mas os pontos de destaque ficam para os grandes paredões da Garganta del Diablo. Já para o Anfiteatro, uma enorme concha acústica natural erodida no rochedo. E, para o mirante Tres Cruces, é possível ver todo os Valles Calchaquíes.

Ao final do dia, recomenda-se conhecer um dos muitos restaurantes e bares localizados na cidade de Salta e degustar seus petiscos locais.

DIA 5 – Cidade de Puna

Saindo da cidade de Salta pela manhã, pega-se a Rota Nacional Nº 51 na direção de Puna, passando pelas cidades de Campo Quijano, também conhecida como “Portal dos Andes”, por ser a última cidade povoada antes da Quebrada del Toro, onde encontraremos colinas coloridas, cactos gigantes e vistas incríveis.

Neste caminho é indicado tomar um café da manhã rural em El Alfarcito, uma pequena comunidade que se encontra no caminho.

Trem de las nubes

Em seguida, a viagem continuará pela Quebrada de las Cuevas para finalmente chegar a San Antonio de los Cobres. Em seguida, pega o Tren a las Nubes que, depois de uma hora de excursão, chegará ao Viaducto La Polvorilla, localizado a 4.200 metros acima do nível do mar, o qual é considerado uma das obras mais imponentes da engenharia do século passado. Desce-se do trem nesse ponto para conhecer o lugar e depois de trinta minutos, pega-se o trem para retornar a San Antonio de los Cobres.

DIA 6 – Salinas Grandes

A 90 km de San Antonio de los Cobres pela Rota Nacional Nº 40, encontramos as Salinas Grandes que ligam as províncias de Salta e Jujuy.

Esta enorme planície quase que desértica, localizada a uma altura média de 3.600 metros acima do nível do mar. Aliás, é considerada a terceira maior salina do mundo, com cerca de 12 mil hectares. Em época de chuvas, forma uma lâmina de água de 30cm, que produz uma visão inigualável do lugar.

É uma paisagem emblemática da Puna Jujeña e é alcançada percorrendo a Rota Nacional 52 por aproximadamente 50 km até a Cuesta de Lipán. Ou seja, uma bela estrada sinuosa, com seu pico a 4.170 metros acima do nível do mar. Caminhando alguns quilômetros dentro do salar, os visitantes são surpreendidos por uma extraordinária proposta de hospedagem. Por fim, ao final do dia, dormir em um “Glamping”, de maneira criativa e diferenciada, no meio dessa imensidão .

DIA 7 – Vilarejo de Purmamarca – Jujuy

Depois de conhecer as Salinas Grandes, outra parada obrigatória em Jujuy, é o pitoresco vilarejo de Purmamarca, que significa na língua quéchua “Cidade da Terra Virgem”. Por sinal, a vila possui uma arquitetura pré-hispânica e no passado foi um antigo paradouro do caminho Inca, hoje considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Pela manhã em Purmamarca – Jujuy, não se pode deixar de visitar sua principal atração turística é o Cerro de los Siete Colores, uma montanha de beleza incrível composta por sete cores extremamente bem definidas que nem parecem de verdade. Suas diferentes camadas de cores são o resultado de sedimentos marinhos, lacustres e fluviais.

Cerro Siete Colores

A visitação à Iglesia Santa Rosa de Lima não pode ser esquecida, pois é uma pequena igreja datada do século 17  que vale a pena a visitação. Depois, seguindo nos arredores da cidade por 3km encontra-se o Passeo de los Colorados, pasando pelo leito de um afluente do Río Purmamarca, pode-se observar magníficas figuras talhadas pela natureza nas laterais das montanhas e descobrir maravilhosas e inesquecíveis paisagens e realizar atividades como por exemplo passeios com lhamas.

Continuando ao longo da mesma rota ao norte aproximadamente 25 km de distância chega-se a Tilcara. A exatamente 1 km dali localiza-se o Pucará de Tilcara o sítio arqueológico mais importante da Argentina.

Essa maravilhosa região turística foi um assentamento dos povos pré-colombianos, pois localiza-se em uma área estratégica, no cruzamento de antigas estradas, as quais permitiam controlar o acesso à toda a região noroeste. Essa área possui 15 hectares e é dividida em diferentes setores como habitação, currais, o centro cerimonial e cemitério

Retornando à Tilcara, temos a formosa Iglesia Nuestra Señora del Rosario, considerada Monumento Histórico Nacional. Sem dúvida, sua beleza é ampliada pelo cenário natural que a rodeia, onde as colinas coloridas servem como pano de fundo.

Purmamarca e Tilcara possuem pousadas e hotéis de diferentes categorias com atendimento personalizado e paisagens muito bonitas.

DIA 8 – Cidade de Uquia

Continuamos mais alguns quilômetros ao norte para chegar a localidade de Uquia, uma pequena cidade localizada no coração da Quebrada de Humahuaca, a qual guarda um testemunho do encontro entre duas culturas, materializado na forma de conquista e dominação.

As paredes simples e esbranquiçadas de sua Iglesia de São Francisco de Pádua, construída em 1691, Monumento Histórico Nacional desde 1941, exibem um tesouro artístico de grande valor. É uma das duas únicas coleções no país de Ángeles Arcabuceros, pinturas feitas no século XVII por indígenas da Escola Cuzqueña.

Aliás, de lá é possível fazer passeios à formação geológica Quebrada de las Señoritas, que é composta por formações rochosas das idades pré-cambriana e cambriana. Possui rochas de tons cinza, azulado e esverdeado, formadas por arenito vermelho e argila.

Quebrada de las Señoritas

Assim, a poucos minutos de carro de Uquía chega-se à cidade de Humahuaca, também na província de Jujuy e que foi nomeada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. É um assentamento indígena que dá o nome ao desfiladeiro da Quebrada de Humahuaca, que era uma antiga estrada comercial do Império Inca.

Apesar da cidade pequena, há intensa atividade cultural, em especial com a atração da “benção de São Francisco Solano”, uma imagem articulada em escala humana que sai todos os dias ao meio-dia e dá a benção ao povo. Do mesmo modo, um ponto turístico obrigatório é visitar Monumento aos Heróis da Independência. A obra reconhece os “Heróis Anônimos” da guerra, imortalizando o grito de liberdade dos indígenas e gaúchos em busca da soberania argentina.

Seu principal ponto turístico é a Serranía de Hornocal, uma cadeia rochosa formada por montanhas de 14 cores diferentes. A sua formação calcária provém de vários minerais que, através da erosão, deixam formações triangulares de diversas cores nas montanhas.

Leia também: Filmes na Netflix para viajar do sofá

DIA 9 – Salta, Argentina

Desse modo, retornando à cidade de Salta, a última parada deve ser na cidade de San Salvador de Jujuy, capital da província. Ela está localizada em um vale atravessado pelos rios Grande e Xibi-Xibi ou Chico, a 1.259 metros acima do nível do mar.

Aliás, muitos de seus edifícios públicos são verdadeiras joias arquitetônicas dignas de apreço. Dentre as quais, se destaca a Casa de Gobierno de Jujuy, que conserva relíquias da Argentina, incluindo a Bandeira Nacional da Liberdade Civil. A arquitetura religiosa também faz parte das atrações da cidade, com edifícios como a Iglesia Catedral, a Iglesia San Francisco, anexo Museo de Arte Sacro.

Essa maravilhosa viagem, com inesquecíveis pontos turísticos pela região de Salta e Jujuy, permite apreciar belas paisagens, história e cultura. Assim, são experiências através das paisagens, dos sons e dos sabores, que se transformam numa experiência única e inesquecível. Sem dúvida, é um destino que todos os brasileiros não podem deixar de conhecer!