Luiza Sahd
Não é difícil chegar à minúscula ilha de Levanzo, a menor das três principais ilhas Égadi, no mar Mediterrâneo a oeste da Sicília, na Itália. Saindo da Província de Trapani: uma balsa faz a travessia que demora cerca de uma hora — e você pode embarcar com seu carro. Depois disso, complicado, mesmo, é sair de lá por vontade própria.

Calla Fredda, uma das pequenas praias de Levanzo. Foto: Luiza Sahd
Durante três dias e três noites, me perguntei insistentemente como é que uma ilha de 5,82 km² pode surpreender tanto a cada trechinho percorrido. Levanzo é habitada basicamente por pescadores e não poderia ser mais singela na arquitetura. Calcula-se que, por lá, a população gire em torno de não mais do que 450 pessoas. Privilegiadíssimas, diga-se.
Fora esses sortudos, há um fluxo razoável de banhistas que descem de escunas no meio da tarde em excursões rápidas, desembai
nham os paus de selfie, aproveitam quanto podem da paisagem e se vão com a mesma rapidez com que chegaram. Fora da janela entre as 14h e as 16h, as praias da região costumam ser bem tranquilas.
Obviamente, você não vai encontrar muito mais do que dois hotéis e uma ou outra pensão de moradores locais para se hospedar. No porto, há menos do que meia dúzia de restaurantes, um mercadinho, o básico do básico e, por toda parte, paisagens estarrecedoras de tão bonitas.
Apesar do tamanho compacto, dar a volta em Levanzo por conta e caminhando não é a melhor opção.
Um amigo siciliano sugeriu que contratássemos um passeio de barco para passar por cada praia de Levanzo antes de deixarmos a ilha. Não tínhamos tempo para tanto, então optamos por percorrer a parte sudeste e, em poucos minutos, uma voltinha de barco que não parecia tão promissora revelou nada menos do que dois cenotes daqueles em que a gente só imaginava que existissem no Caribe.
A cor da água por dentro das grutas, de azul quase sólido, ficava ainda mais fascinante quando a luz do sol incidia em algum ponto das piscina naturais (bem mais geladas do que a temperatura média nas praias abertas, e, proporcionalmente, ainda mais lindas).

Cala Minola, em Levanzo. Foto: Fernanda Frazão
A gastronomia em Levanzo é talvez o único quesito em que a ilha deixe um pouco a desejar. Apesar das pizzas e pastas saborosas, ficamos tristes ao constatar que nenhum gelato ou canoli faziam jus ao que havíamos provado antes nas vizinhas Trapani e Palermo. Com uma vila minúscula, a variedade de restaurantes não poderia mesmo ser um destaque… E tudo bem. Quem se importa tanto com gastronomia quando há todo um Éden a ser explorado nos arredores?
– O que conhecer em Palermo, na Itália
Sem muita opção de badalação gourmet e menos ainda de baladas (exceto pelos barcos que ancoram na região e tem suas próprias festinhas privadas), Levanzo é mesmo uma opção de viagem para pessoas diurnas e, se são aventureiras, melhor. A ilha é perfeita para longas caminhadas, escaladas e mergulho.

Fim de tarde em Levanzo. Foto: Luiza Sahd
Outro destaque desta ilhota siciliana é o pôr-do-sol realmente digno de nota. Em agosto, o sol leva horas para deitar completamente no mar e essa é uma ocasião perfeita para tomar um vinho, fazer um piquenique, meditar, namorar… É uma ocasião perfeita, ponto. Perder um pôr-do-sol em Levanzo poderia ser crime previsto na constituição italiana.
A única certeza que se leva na bagagem quando se sai de Levanzo é a de que, cedo ou tarde, você vai acabar voltando.