por Gustavo Villas Boas – Nordeste 40
Atenas Brasileira. Jamaica Brasileira. Sarneylândia. São Luis do Maranhão. Os epítetos não deixam dúvida de que a capital maranhense, com pouco mais de 1 milhão de habitantes, é um mosaico humano e cultural dos mais coloridos –mas com manchas.
O ludovicense, como é chamado quem nasce na ilha onde fica o município, é herdeiro do mundo.
A escadaria do reggae: por causa do estilo, São Luís é chamada de a Jamaica Brasileira (mas vi pouca maconha)
Fundada em 1612 por franceses, a cidade foi invadida por holandeses e colonizada por portugueses. A expansão econômica se deu pelo trabalho de escravos africanos. Antes da chegada dos europeus, a ilha era densamente habitada pelos povos nativos.
A mistura de culturas e pessoas da capital maranhense tem um palco privilegiado para se expressar: o Centro Histórico, que guarda um dos maiores conjuntos coloniais da América Latina e recebeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 1997.
Na área tombada, casas e sobrados de janelas amplas e paredes cobertas de azulejos cercam ruas de paralelepípedos e escadarias. O lugar é cheio de lojinhas charmosas de artesanato, restaurantes de comida típica, algumas pousadas e hostels e muitos, muitos bares.
Fora da área tombada, também existem muitos casarões em péssimo estado: vão cair. As ruas são cheias e sujas.
Estou hospedado no albergue Solar das Pedras, o único hostel que faz parte da rede Hostelling International em São Luís. O hostel fica em uma casa incrível, construída na primeira metade do século 19, um lugar bom e barato para ficar.
Apesar de ter muitos carros parados na rua –passam até caminhões!–, o Centro Histórico de São Luís é razoavelmente conservado (um oásis no meio de uma cidade degradada) e agradável, tem alguns museus, centros culturais e uma agitada vida noturna. Mas, quando escurece, fica perigoso nas ruas vazias.
No comecinho da noite de quarta-feira, o dia que cheguei, o lugar já estava tão cheio que fiquei perdidinho para escolher onde sentar e tomar uma cachaça da terra e o sagrado, rosa e horrível guaraná Jesus.
Em uma voltinha besta, ouvi: rockão clássico, arrocha, MPB de barzinho, grupos regionais e, claro reggae. O que não falta na cidade é reggae: palavras como Jah, roots, Bob Marley pontuam o nome de vários lugares. É o que justifica o apelido de Jamaica brasileira (vi algumas pessoas fumando maconha aqui e ali, nada que impressione).
Mas os principais bares de reggae do centrinho só abrem a partir de sexta. Na quarta, fiquei em um samba com música ao vivo em uma ruela com um público bem eclético: tinha alguns hippies, alguns gringos, alguns gays e pessoas de todas as idades.
Antes, passei na famosa Feira da Praia Grande. Ótimo lugar para comer comidinhas típicas da cidade (principalmente peixes e frutos do mar, porções!) e tomar cerveja. A cerveja mais barata que encontrei foi no Bar e Restaurante da Tia Amélia: 5 reais a garrafa.